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Jornalismo vs meme – A eleição de um meme
Esse é Glen Greenwald, aqui ele aparece na câmara dos deputados, o registro é de junho de 2019.
Foto: Mídia NINJA
Nessa oportunidade, ele fala sobre a divulgação de conversas privadas de membros do judiciário.
Você conhece bem a história: um juiz combinava tudo com os acusadores e assim colocava na cadeia os políticos dos quais ele não gostava.
E tem outros políticos que ele poupou porque era pra não melindrar os aliados ou possíveis aliados, provavelmente assim o juiz virou ministro de estado.
O material que o Glenn e a equipe dele tem divulgado aos poucos, agora junto com outros veículos de comunicação, esse material revela como o judiciário foi tragado para dentro da disputa política.
É apenas natural que haja ansiedade por novas divulgações.
Mas aí mora o problema, cada nova reportagem do intercept a realidade fica mais complexa, surgem novos detalhes, novos personagens, novas informações e então toda a complexidade da notícia vai para a internet onde divide espaço com a simplicidade tosca dos memes.
Assim que nasce uma disputa, de um lado a realidade factual que é exposta pelo jornalismo, é difícil de compreender,de assimilar e também de aceitar porque deixa a gente meio indignado às vezes, a notícia leva tempo para ser investigada e apurada redigida, editada.
Do outro lado a grosseria caricata exposta pelo meme que é fácil de compreender, é fácil de assimilar e fácil de aceitar.
A oposição ao jornalismo do intercept se expressa com memes, as denúncias falsas contra o Glenn são isso, um meme.
Tudo bem resumido tudo bem caricato e tudo contido numa única imagem de um suposto documento cheio de erros, é só um meme.
Mas não subestime o meme, o meme é rápido e rasteiro. Enquanto o jornalista calça os sapatos o meme da volta ao mundo.
O boato da mamadeira erótica foi apenas uma das mentiras que a gente ouviu em 2018, a proliferação de mentiras nesse período é um fenômeno a ser estudado.
E está sendo estudado, no livro “a eleição de um meme” o autor Paulo Sérgio conta que nas redes sociais conteúdos bem resumidinhos e às vezes caricatos tem mais chance de se espalhar.
E esse conteúdo que é bem resumido e por ser bem resumido se espalha é fácil tudo isso tem nome. É meme.
Paulo Sergio escreve:
A duplicação e a proliferação são as principais características dos memes da internet.”
“Não há memes sem duplicação de um espaço para o outro.”
“Portanto é a partir dessas características que se relacionam os conteúdos de internet e assim foram designados memes.”
Em 2018 as redes sociais foram muito importantes para a propaganda política, nada mais natural que a comunicação política fosse reduzida a memes.
O que justifica o título do livro do Paulo, “A eleição de um meme”.
O problema é que mensagens complexas têm dificuldade para serem sintetizadas e contidas em memes – se elas não podem ficar contidas em memes – então também não podem se replicar, não podem se espalhar na internet.
A capacidade de um texto científico tornar-se viral é quase zero, e se acontece não é um meme, pois ninguém consegue reproduzir com facilidade 40 páginas de um texto científico.
Mas, caricaturas grosseiras da realidade conseguem caber dentro de memes.
Como as redes sociais agora são vitais para a política, nada mais natural que a gente acaba elegendo um candidato que é como um meme, curto e grosso e talvez até uma caricatura.
E é essa mesma lógica que também pode estar prejudicando o jornalismo, e é nesse ponto que a gente volta a falar do Glenn.
O que o jornalismo do intercept tem feito é desafiar a capacidade brasileira de reduzir tudo a meme.
Por exemplo, esse entendimento de que Moro é herói, isso aqui isso é reduzido, é caricato é meme e sempre foi.
A realidade complexa dessas reportagens do intercept destrói a simplicidade desse meme, Moro colocou alguns corruptos na cadeia sim, mas para fazer isso ele corrompeu a justiça e as instituições e é claro que o partido do meme não gosta do que o Glenn está fazendo.
E então o partido do meme combate o Glenn com as armas que tem.
A tentativa é de transformar o vencedor do prêmio Politzer, em um meme.
Essa tentativa às vezes tosca, às vezes grosseira e freqüentemente homo fóbica.
Mas o Glenn resisti, ele não simplifica, ele não reduz, ele não facilita a vida de quem quer vê-lo transformado em meme.
Dizer que o Glenn faz ativismo e não jornalismo é uma redução, isso cabe no meme. O que não cabe no meme é a vasta discussão sobre imparcialidade e objetividade que ele inicia quando é confrontado com essa redução simplória.
Com seu posicionamento Glenn se recusa a participar da nossa polarização, que é reducionista, porque não dá para reduzir tudo a esquerda contra a direita.
Se for para reduzir, talvez o melhor fosse pensar que, o que a gente está vendo é a batalha entre o jornalismo e o meme.
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